sábado, 25 de outubro de 2008

Os problemas do ensino da Física na escola

Acredita-se que a escola tem a função de ensinar os alunos. Mas, eu me pergunto: será que é somente ensinar? Será que a escola não deveria educar? Defendo isto porque acredito que tem de ser uma relação de dupla troca, entre o professor e o aluno. Quando eu ainda era jovem, jamais acreditei que o professor fosse o único detentor da sabedoria, mas quantas vezes fui ouvido? E hoje acredito que esse dilema ainda perdure, não mais comigo como aluno, ou com os mesmos professores que tive.
Na última semana, fui assistir aula em uma escola da rede pública, especialmente a matéria de Física, onde é a área que atuarei futuramente (ou não). Pelo que pude perceber, a física ainda continua sendo o “bicho de sete cabeças” e o medo da grande maioria dos alunos. Tudo por que a matéria em questão não parece clara, principalmente da maneira que ela é repassada aos alunos. Ou seja, apesar do professor estar de certa forma desmotivado (tem seus motivos para isso), parece inclusive que ele perdeu a noção de sua importância, resultado de um desmerecimento que a anos vem sendo potencializado. Se a física fosse trazida pelo aluno através de seu cotidiano, (sim, a física é cotidiana), através de experiências vividas pelos alunos e desmistificadas pelo professor em sala de aula, talvez assim, o interesse dos seus “pupilos” fosse bem maior que a apatia apresentada por estes.
Porém, o que vejo é aquela velha relação de poder do professor para com o aluno, onde o Licenciado impõe (talvez não por sua vontade, mas por sugestões superiores a ele) o “bom e velho” jeito de ensinar da escola “tradicional”. Onde o aluno, por vezes, não tem sequer o direito de questionar o que esta sendo “empurrado” a ele por seu professor. Todos somos cientistas por natureza, o homem desde os tempos mais remotos, teve seu espírito questionador participando junto da sua consciência. Porém este mesmo espírito questionador, ao passar dos tempos foi suprimido pela mídia e por que não citar também pelos pais e amigos. Somos atualmente ensinados a nos comportar de maneira semelhante a uma “vaca de presépio” onde a nossa função é comparecer as aulas e ficar em silêncio.
O que me vem na cabeça neste momento é uma passagem do livro (Pedagogia do Oprimido - FREIRE) onde ele cita a educação pedagógica como “bancária”

“Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem depósitos, guardá-los e arquivá-los. (...) Arquivados, porque, fora da busca, fora da práxis, os homens não podem ser. (...) Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros.”

Com o que foi abordado nesse pequeno texto, podemos ainda, observar quais as influências que a sociedade tem com a escola. É comum notar que os alunos que tem um certo interesse pela matéria, é logo fichado como Nerd, Geeks, CDF entre outras expressões, fazendo com que assim ele seja desmotivado a seguir o que poderia ser o seu futuro. No entanto, o aluno que vai mal na escola, tem um “status” teoricamente melhor, é mais popular e geralmente se destaca nos esportes e todos o admiram.

Referência:
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. RJ. Paz&Terra. 32ª Edição, 2002.
SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios. SP. SCHWARCZ, 2007.

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